Pantomima

Um teatro tem sido minha vida inteira...e eu...numa próclise necessária, me divirto com tudo isso...eis a pantomima,um fanzine que não foi...(desboto linhas azuis e pretas num guardador de memórias em papel reciclado...) em tempos vindouros edito tudo isso...ah...amo a palavra "alma"...alma nobre e gentil(?)

domingo, outubro 29, 2006

Recordação...

M e ensinaram a gastar tempo sozinha...

E minha infância foi desfrutada nos cômodos de minha casa...sob o dito, carinhosamente expresso, “não abra a porta para estranhos”.

Me ensinaram que o sótão era lugar proibido (e por isso divertido)
que havia monstros, olhinhos amarelos, piratas medonhos e tesouros escondidos...

me ensinaram que deveria dar um colorida à minha vida,
que deveria dar um tom de descobertas a todas as miudezas...a tudo visto sob o rótulo “comum”
Me ensinaram a ler..ler os clássicos..
E me fizeram crer
Que poderia ver “os personagens dos livros que li’
Me ensinaram que devo amar os cachos ,que combinam com o nostálgico
Ar e os casarões antigos do Reviver,
Me ensinaram que devo sonhar e que meu “sonho é do tamanho do meu desejo”
Me ensinaram a colecionar selos, bulas, caixas e papéis amarelados
Me ensinaram a gostar das coisas simples da vida

Das bijuterias baratas, dos vestidinhos hippies, dos detalhes...
Me ensinaram a amar os livros, a desfrutá-los,digeri-los,percebê-los...
Me ensinaram rituais...cheirar...sentir paixão do livro...paixão da bela capa...páginas amareladas...um tema
Um formato

Me ensinaram a escrever, guardar memórias...
Me fizeram crer que deveria imortalizar pensamentos, torná-los meus... ou torná-los
Públicos

Me disseram, uma vez, que sou menina...
Outra, que sou mulher...

Me disseram pra usar o coração
Fazê-lo pulsar...

Me disseram para estremecer
Me disseram que devo amar...
Que “ amor com amor se paga”

Me disseram que “não se banha duas vezes no mesmo rio”...

Me disseram que todo “poeta precisa tem uma mulher que precisa ser amada”
Me ensinaram que os poetas amam loucamente
Me fizeram crer que amores doidos são mais intensos
Me disseram que amar é bom...



me disseram, ensinaram, me fizeram crer...
então:
não me pede pra não te amar demais...

P.S qual o antônimo de Mundo ?



(quando damos uma volta no passado, nos arquivos, coisa e tal...vêm essas estranhezas que escrevemos...e no fim de tudo...no fim da noite...gostei)

domingo, outubro 15, 2006

Caranguejo não é peixe...

Perguntaram-me, outro dia: Hoje é um bom dia para gaivotas ou peixes ?

Mas, sabe-se...peixe é prato pra segunda...no doce lar dos Mota aparece o estranho caranguejo, carne de sol, lingüiça, arroz de toucinho, salada, coca-cola, e tantos outros pratos coloridos... aquece esse dia...um domingo diferente, o bate papo sobre política, mundo, moda e tantos outros que lhes aprouver...

O estranho caranguejo, um prato favorito, pede uma pausa prum dia que perdi em cinco minutos...À moda dos romances-os ingleses, os franceses- aqueles em que há sempre um senhora gorda a sofrer de espasmos ou dos nervos...as dores constantes e pernas inchadas que tiram um pouco da alegria que sinto por não ter nada a fazer...

Infeliz esse dia...e a não ser os livros, o CD e um espaço pra postar...não fossem minhas idéias tão “saudosistas”...teria desistido do domingo, o primeiro de outubro...

quarta-feira, outubro 04, 2006

Montessori

Vejam que aprendi a ler sentindo...

Lembrou-me os Simbolistas...

Sim...lembro de passar os dedos nas letrinhas feitas de lixa...lembro de sentir o volume, a dimensão dos objetos...
De aprender que ca mais sa, forma casa ...

E de ter um tapetinho...
Ah...lembro de guardar meus objetos e de ter uma professora, assim, bem grande...
Assim ó...

Música

De tanto fuçar e nada poder fazer...anotava os desejos que um dia saciaria:

Meus livros , meus cds (jazz), as trilhas e meus filmes tão favoritos...

Agora ouço os clássicos, os da época da escola...

Da época em que repetíamos: ta, tá , ta, ...
Da época em que aprendi uma nota na flauta...

Valsas, operetas...
...

ainda espero por Anna Karenina e alguns livros de bolso...

Contos de Amor guardados

O cartaz amarelo preso à parede anunciava: 1º Bienal do livro em São Luís. Em tom amarelado, que mais parecia um anúncio de encontros religiosos...
...


A ‘velha infância’ me faz lembrar dos quinze anos, de quando deparei-me a primeira vez com Marina Colasanti e dos susto que levei com um livro emprestado pela professora: Contos de Amor Rasgados. Decidi que um dia, para além de todas as minhas correspondências e idas e vindas do porão, o meu livro teria por título Contos de Amor guardados.

E quem viu e leu um pouco do que fiz nessa época consegue ver perfeitamente o traço dessa autora tão colasanti em minhas produções.

Tenho ainda a cópia que fiz de dois contos dela e colocados na porta de meu antigo guarda-roupa: A paixão de sua vida e Conto em letras garrafais

A paixão de sua vida
Amava a morte. Mas não era correspondido.Tomou veneno. Atirou-se de pontes. Aspirou gás. Sempre ela o rejeitava, recusando-lhe o abraço.Quando finalmente desistiu da paixão entregando-se à vida, a morte, enciumada, estorou-lhe o coração.

Conto em letras garrafais

Todos os dias esvaziava uma garrafa, colocava dentro sua mensagem, ea entregava ao mar. Nunca recebeu resposta.
Mas tornou-se alcoólatra.



Tão improvável e tão surpreendente. Mexeu, mexeu com minha imaginação...



Incrível esse reencontro. Por três reais Marina em meus braços...evitei, evitei a tarde toda... ao chegar em casa o abracei. Assim como em Clarice: “não era mais um livro, era uma menina com seu amante”