O primeiro conto de uma mulher
A mulher branca, pálida, deixou, com enorme letargia, o leito. Cambaleante, pés descalços, segue ao banheiro.Os olhos, ainda fechados, são embebidos de água. No espelho, o reflexo de uma desconhecida. É ela, mais rechonchuda, mais redonda.
Hoje é domingo,deveria permanecer um pouco mais, é o que faz. Olha pela janela e vê a chuva fina .
Alguns segundos, sentada à beira da cama, suporta os braços em cima do joelho. Um vômito incerto, náuseas. O que comera ? Cabeça ainda curvada, tenta lembrar da noite anterior, das semanas que se passaram.Examina o corpo...os pés estão inchados.
Levanta lentamente, liga a luz e reexamina os pés. As pernas, as coxas...tão gordas agora. Depois das coxas, a pelves, mais redonda, esticada, oval.
Os seios, nunca tão grandes, parecem mais bonitos.
Um vírus, bactéria ? Lembrara de uma nova gripe...
Voltou à cama. Dormiu um pouco mais. Um fome súbita.
Um doce, pães, os enlatados, digeridos infantilmente.
Enjôo.. o cheiro dos móveis .. em poucos minutos um inchaço na barriga
Volta ao quarto...vai ao banheiro...sente fome...volta à cozinha
A barriga aumenta...agora tão pesada
Sente dores na costa...
Dorme um pouco
Acorda e sente uma pontada...a primeira pontada
Um chute...devagar...um, dois e agora mais rápido
Contrações
Bem pequenas
Mais rápidas
E mais fortes
Há dor...a mulher geme...agarra-se à cama...aos lençóis e sente dores...são terríveis
Abre as pernas .. geme... dor aguda...grita ... pede ajuda...
Grita de novo...
Um estalo...um pulo...
A última dor...
Um grito
Aliviada...através do espelho...
Um novo ser...um conto verde
Não há movimento
Jaz ...o primeiro conto
Um pouco verde...um tanto morto
2 Comments:
perdoem os amantes de contos a minha audácia...
certa vez...grávida de um conto verde...um aborto
ah tá. agora entendi.
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